Atualmente o mundo está
enfrentando uma pandemia que tem provocado, além das graves crises econômicas e
sociais, também centenas de milhares de contágios e de óbitos em pessoas por
todo o planeta. Segundo os dados atuais da universidade norte americana Johns
Hopkins, no dia de hoje, o mundo já contabiliza 29.386.463 pessoas contaminadas
pelo novo coronavirus e o número de mortos é de 930.589, ou seja, estamos
chegando à triste marca de um milhão de mortos. Mesmo sabendo da subnotificação
destes números, eles já são assustadores e inadmissíveis para a humanidade. O
vírus Sars-Cov-2 tem demonstrado ser bastante contagioso e de alta letalidade, e
ainda totalmente desconhecido pela ciência moderna. Não se sabe ainda com
exatidão e clareza como é a sua real dinâmica de contágios e as suas diferentes
formas de ação sobre o corpo humano. São várias as perguntas ainda sem respostas sobre o novo coronavírus e a cada dia surge uma nova pergunta. Como se dão as transmissões do vírus por crianças? Por que pessoas jovens e sem comorbidades
morrem de covid-19? Como surgiu de fato a primeira transmissão pelo Sars-Cov-2?
As vacinas serão eficazes? Existem protocolos de
segurança confiáveis contra a Covid-19?
E é dentro deste contexto tenebroso
em que está também a Educação Física e especificamente a natação, e também os
professores de natação e os alunos de natação. No dia 11 de março de 2020, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) deflagrou tardiamente o alerta de pandemia para o vírus Sars-Cov-2 em todos os países, e apenas dois dias depois, no dia 13 de março,
o governo do Estado de Goiás, através do decreto N.9633, impõe as medidas de isolamento
social com paralisação de todo o setor produtivo estadual, exceto para as chamadas atividades
essenciais ligadas à saúde, alimentação e aos transportes. E no dia 15 de março, todas
as atividades presenciais das instituições educacionais também são suspensas e
substituídas por aulas remotas via internet. A partir de então, todas as aulas
presenciais são suspensas, inclusive as aulas de natação em escolas, condomínios,
clubes e universidades. Aulas presenciais de quaisquer conteúdos ou disciplinas foram substituídas por aulas em EaD, a fim de se evitar formas de aglomerações
e contatos diversos entre pessoas que facilitassem os contágios pelo
novo coronavirus. E também as aulas de natação, de forma acertada, entraram nesse universo de atividades proibidas.
A atividade da natação em si mesma
ou qualquer outra atividade aquática não é capaz de potencializar ou promover contágios
ou mortes pela covid-19, as questões dos contágios não se relacionam
diretamente às práticas dos exercícios físicos aquáticos, sejam em piscinas,
rios, lagos ou no mar. Os perigos residem de fato nos contatos e aglomerações
que essas atividades aquáticas, assim como outras atividades sociais quaisquer
que envolvem grupos de pessoas, podem evocar e produzir. Uma pessoa pode nadar sozinha
numa piscina, realizar um mergulho livre e solitário no rio, lagoa ou mar
sem contribuir para a propagação do vírus Sars-Cov-2. Porém, uma única criança que participa
de uma aula de natação, numa turma composta por 30 alunos, é capaz de efetuar
mais de 808 contatos apenas na primeira
semana de aula (com apenas 3 aulas por semana), isso contando todos os contatos a partir
da saída de sua casa até a escola de natação, no trajeto de ida e volta e
no interior da escola.
A água da piscina, higienizada,
clorada e constantemente tratada, estando com o índice de PH ideal, não é capaz
de servir como meio de contágio, pois o vírus, algas ou bactérias não são
capazes de sobreviverem às soluções químicas adicionadas à agua de uma piscina já tratada. Entretanto, segundo pesquisas recentes, o vírus Sars-Cov-2 é capaz de
sobreviver em determinadas superfícies por horas ou dias. Por exemplo, no aço
inoxidável e no plástico, o tempo médio de vida do novo coronavirus é de 3 dias;
já no papelão é de 1 dia e no cobre é cerca de 4 horas. Logo, os locais onde se
realizam as aulas de natação podem se transformarem facilmente em ambientes
chamados de super transmissores do novo coronavírus, através de contágios com contatos nas maçanetas
das portas, nos vestiários, nos armários, nas cadeiras, catracas, corrimãos e
etc.
Supondo ainda que tais ambientes
onde se realizem as aulas de natação sejam sanitizados, higienizados e passem
por rigorosos protocolos de segurança contra contágios por vírus. O grande
problema passa então a ser os contatos não com superfícies, mas os contatos humanos nas aulas que estejam num raio inferior a 2m. Numa piscina,
mesmo considerando as instalações em espaços abertos, os contatos mais importantes
entre alunos e professores e entre alunos e alunos se dão principalmente nas
bordas das piscinas, nos blocos, nas escadas das piscinas e nos
vestiários. Torna-se praticamente impossível eliminar todos esses contatos
considerando as relações e interações em aulas tradicionais de natação.
Outro fator importante e que deve
ser levado em consideração com relação ao ensino da natação em tempos de
pandemia é que a prática da natação, por ser uma atividade essencialmente aeróbica,
envolve contínua e intensa respiração (inspiração
e expiração explosivas), e outra característica importante da respiração na
natação, consequência da inspiração e expiração rápida, contínua e explosiva, é
que a mesma potencializa a eliminação de expurgos, ou seja, é normal na natação
expelir grande quantidade de fluídos pelo nariz e boca, como por exemplo grandes
quantidades de catarros. E essa característica pode facilitar os mecanismos de contágios pelo
novo coronavirus, quando alunos estiverem positivados para a Covid-19.
A partir de agora devemos repensar as metodologias, conteúdos, espaços e tempos das aulas em natação neste momento de pandemia do vírus Sars-Cov-2. Obviamente nenhuma atividade educacional pode funcionar e servir de gatilho para aumentar contágio, surtos e mortes pela Covid-19, por isso, as decisões que suspenderam as atividades de aulas em natação foram acertadas e deveriam ser mantidas. Atualmente em Goiás, as atividades aquáticas em natação foram inicializadas em academias após cerca de vários meses suspensas, os clubes recreativos estão também retornando gradativamente as suas atividades em piscinas. Entretanto, não se pode negar também que os contágios e mortes no Brasil se encontram em contínuo aumento, e em Goiás, assim como no resto do país, as flexibilizações nas regras de isolamento social ocorrem no momento de maior aceleração e crescimento da curva de contágios pelo novo coronavirus (meses de agosto e setembro), ou seja, o vírus está em descontrole e a curva da pandemia no Brasil é a mais longa do planeta (maior platô do mundo com média de 1000 mortes diárias). Segundo a OMS, para reabertura das atividades e flexibilizações nas regras de isolamento, existem critérios científicos estabelecidos e que propõe: queda no número de contágios e de óbitos durante 3 semanas consecutivas, índice de transmissão Ro < 1, e ainda ocupação nos leitos de UTI´s abaixo de 70%. No Brasil e em Goiás, pelo fato de não existir nenhuma política pública eficaz de controle da pandemia (nunca existiu), e ainda sem nenhuma ajuda efetiva aos donos de estabelecimentos comerciais/educacionais e sem auxílio financeiro suficiente aos trabalhadores, o poder público realizou as flexibilizações de forma aligeirada e irresponsável, promovendo o caos e o descontrole em que se encontra a pandemia atualmente no Estado de Goiás e no Brasil.
Devido a tudo isso, não há como prever os destinos da pandemia no Brasil, nem sobre a eficácia de uma futura vacina a curto ou médio prazo, ou sobre a existência de protocolos de segurança que sejam 100% confiáveis, porém, faz-se urgente e necessário repensar e rediscutir as metodologias, conteúdos, formas, tempos e espaços para a realização ou não realização das atividades presenciais, não somente de natação, mas de todas as práticas e saberes que envolvam a educação física no geral, no intuito de evitar colocar vidas de professores e de alunos em risco, e tentar criar também alternativas de ensino e de trabalho para a nossa área como um todo. Pode ser que a pandemia do Sars-Cov-2 se transforme numa possível endemia no Brasil e no mundo, ou seja, o vírus poderá nunca ser eliminado e a sua permanência entre nós poderá perdurar por muito tempo ainda, como ocorreu a partir da década de 1980 com a pandemia da AIDS, transmitida pelo vírus HIV, e que hoje é classificada como uma endemia. Assim sendo, iremos transformar esta disciplina de atividades aquáticas não somente no ensino de conteúdos e técnicas da natação, que são itens importantes, mas também na discussão e no debate de novas ideias e alternativas capazes de trazerem luz para esta realidade tenebrosa da pandemia que nos cerca, não somente para se repensar e transformar o ensino da natação, mas para a nossa própria sobrevivência como seres humanos na Terra, nadando e buscando sempre ir para além da mediocridade e da ganância do presente que ainda insiste em destruir por completo a natureza e deixar como herança problemas complexos e talvez insolúveis como este da pandemia do novo coronavírus.
Eduardo Naves Ramos Mota diz: O texto vem a complementar com esmero a discussão levantada por mim no post da entrevista com o profissional da área. ambas as postagens se complementam e somam positivamente na formação dos professores de Educação Física, material e conteúdos bem elaborados e consistentes.
ResponderExcluirParabéns!!
Bem pertinente a matéria e destaco aqui o trecho que diz: "... faz-se urgente e necessário repensar e rediscutir as metodologias, conteúdos, formas, tempos e espaços para a realização ou não realização das atividades presenciais, não somente de natação, mas de todas as práticas e saberes que envolvam a educação física no geral, no intuito de evitar colocar vidas de professores e de alunos em risco, e tentar criar também alternativas de ensino e de trabalho para a nossa área como um todo". Acredito que esse deve ser nosso foco!
ResponderExcluirO texto nos faz refletir sobre os possíveis caminhos do ensino e aprendizagem da natação nos dias atuais, como aluna da disciplina de natação num período de pandemia, me sinto por hora frustrada com a situação, a expectativa de um aluno diante de uma disciplina prática realmente não é ficar diante de uma tela de computador ou celular, temos sede de aprendizado, vontade de aprender e desenvolver com maestria o que nos é proposto. Entendemos que não é o possível neste momento, mas o que é possível? Estamos vivendo um momento de nós reinventar, mas será que teremos bagagem suficiente para nos adaptar ao novo normal? sem antes termos tido a oportunidade de acessar o antigo... Fica a angústia de quem espera mais... Regiane Poleto, 7°Período EF. UEG/ESEFFEGO.
ResponderExcluirQueria deixar desde já, meus parabéns e um obrigada pelo post muito bem colocad, principalmente neste momento em que nos encontramos com mais de 100 mil perdas para o covid-19.
ResponderExcluirSe faz necessário colocar as cartas na mesa e expor como pudemos chegar até está situação calamitosa que o Brasil como um todo se encontra.
Nós enquanto cidadãos caímos na falácia da "gripezinha" e perdemos muito (ainda estamos perdendo) com as consequências das medidas não tomadas no momento certo.
Voltando para a área da Educação Física, nos vemos encurralados na situação virtual.
Iremos exercitar neste momento a criatividade, para imaginarmos como é uma aula prática. E isso vai além da formação acadêmica, nossas aulas se transformaram de maneira assustadora. As crianças devem nem reconhecer qual é a aula de Educação Física perante ás aulas e tarefas remotas. Passamos à teorizar.
Márcia Gabriela 7° E.F da UEG
O desenvolvimento do texto nos traz reflexões atinentes ao tenebroso e incerto período pandêmico que estamos vivenciando. São provocadas questões que nos permitem na atual conjuntura pensar sobre as impossibilidades e possibilidades (ainda que rasas e incertas) da nossa área de atuação, especialmente, no que concerne ao processo de ensino-aprendizagem da Natação. Uma das poucas certezas, em meio a esse período de incertezas, é que teremos que nos "adaptar", "bioajustar" com o que vem sendo chamado convencionalmente de "novo normal". Mudanças são e serão inevitáveis. Em vista disso, o elemento mais contributivo do texto é o fato dele nos instigar a refletir que precisaremos (como professores de Educação Física) buscar saídas, caminhos, "luzes", possibilidades para conduzirmos nossas práticas pedagógicas, o mundo não será mais o mesmo, e a Natação (e a Educação Física como um todo) terá que ser repensada, reavaliada considerando esse novo "mundo". Portanto, é imprescindível compreendermos que estaremos diante de uma "nova Natação", de uma "nova Educação Física".
ResponderExcluirMas como constituir uma "nova Natação"? Penso que esse será (ou deveria ser) o dilema e o fio condutor que deve nos orientar ao longo do desenvolvimento da disciplina de Natação...
No que tange à entrevista, ela nos apresenta elementos significativos e reveladores para pensarmos a realidade do cenário atual do mercado de trabalho em um dos espaços de intervenção da Educação Física.
Este texto vem completar a entrevista anterior,onde nos trazem a reflexão acerca deste período de incertezas. Sendo assim, o próprio texto traz algumas falas que nos levam a pensar novas possibilidades de intervenção em nossa área de atuação, em especial o ensino da natação, e o ponto crucial é que devemos nos adaptar as mudanças que ainda virão, e precisamos refletir sobre como devemos recriar as nossas práticas pedagógicas.
ResponderExcluirConteúdo muito bem elaborado e de suma importância para a nossa formação.
Nátally Cristiny Rodrigues Tolêdo 7° Período do curso de Educação Física da UEG - ESEFFEGO.
Gostaria de parabenizar pelo excelente e explicativo texto acima. O mesmo me fez refletir bastante sobre nossa real situação na educação, e a forma de como tudo está progredindo em nosso meio. Contudo, se torna impossível deixar de lado a real importância e relevância que a disciplina nos proporciona enquanto futuros professores em processo de formação. Porém, na situação em que nos encontramos realmente não se torna a mais apropriada para volta com as aulas presenciais, e como o texto abordou, devemos repensar nossa prática tanto em universidades quanto em ambientes que acolhem principalmente crianças para o ensino das atividades aquáticas. Pois, antes de tudo devemos colocar em primeiro lugar nossa saúde e das pessoas com que convivemos.
ResponderExcluirExtremamente relevante o conteúdo abordado neste post, e de suma importância para que possamos, enquanto seres humanos, enxergar com outros olhares uma realidade que nos cerca e nos ensina um pouco a cada dia.
Aluna: Amanda dos Santos Costa
7• período Educação Física Licenciatura- UEG
Texto muito rico de informações e nos mostra que mesmo com as medidas de segurança da (OMS) é inválido o retorno das aulas de natação, pois com essas o contágio tende a aumentar ainda mais colocando em risco a vida do professor e alunos. Os clubes e academias voltaram mesmo que gradativamente pois visam o lucro e retorno do capital e se essas continuarem paradas o capital não gira, é triste pensar q eles não estão preocupadas com a saúde de seus clientes e sim com o retorno que esses podem oferecem.
ResponderExcluirRaquel de Paula Vieira- 7° Matutino
Texto muito rico de informações e que nos faz parar e analisar como serão demandadas as atividades daqui para frente, como a educação física ajuda e pode também ser prejudicada enquanto profissão. De modo geral, as atividades do cotidiano já voltaram ou estão para retornar, e como futuros professores, e alguns que já atuam na área corremos o risco pela necessidade de precisar trabalhar e colocamos nossas famílias em risco. A situação não tende ainda a melhora, e estamos a mercê de como o novo normal se inicia daqui para frente. Sem esperar atitudes diferentes do governo que não auxilia, do trabalhador que necessita de transporte público e de pessoas que não mudaram em nada suas atitudes visando o bem comum. Triste realidade.
ResponderExcluirThalyta Colangelo - 7° período matutino
Os textos trouxeram contribuições significativas para pensarmos a situação da Educação Física, em períodos de pandemia. É do conhecimento de todos o caos em que o mundo se encontra, em razão, da pandemia do novo coranavírus (covid-19), diversas atividades foram suspensas, afim de, controlar o vírus. Porém, como todos sabem, as autoridades nada fizeram, apostaram em esperar o pior acontecer, para que, depois pensar em "fazer algo". Num primeiro momento, a ordem foi fechar tudo aquilo que não é essencial, fechando escolas, industrias, academias, etc. Contudo, com a pressão econômica, muitos setores reabriram, sem ao menos, terem protocolos de segurança que sigam as instruções da OMS. O resultado foi visível, uma alta taxa de contaminação, inúmeros registros de óbitos, sendo esse, o "novo normal" em que relativizam as mortes. Talvez, essa pandemia venham para mudar muitas coisas, atividades que antes eram possíveis, nesse novo cenário, não é mais. A solução então seria o método EaD? Sabemos que esse não é a forma adequada, mas como não temos perspectivas sobre quando acabará a pandemia, essa seria a solução adotada pelas instituições. No nosso caso, na disciplina de natação, teve que ser suspensa a parte prática, não pelo fato do contágio no meio líquido, mas pela dificuldade em cumprir com os protocolos de segurança, e também pelos riscos de aglomeração. Logo, teve que adaptar as aulas para a realidade em que se encontramos, evitando que haja mais contagio, juntos iremos nos resguardar e preservar nossas vidas, evitando que sejamos números e estatísticas, para esse governo genocida.
ResponderExcluirDANIEL MONTEIRO DO CARMO BRAGA - 7° PERÍODO (MATUTINO)
O seguinte texto trouxe vários pontos positivos, para refletirmos sobre a educação física na pandemia, sabemos que muitas atividades não tem previsão para retorno, pois certas medidas ainda não foram tomadas para o retorno das atividades, pois podemos perceber que a maior dificuldade está em cumprir os protocolos de segurança, por este motivo é necessário adaptarmos e enfrentarmos a realidade que está de frente de nós.
ResponderExcluirVitor Lopes
Questionamentos extremamente relevantes contemplados aqui neste texto. Neste aspecto é importantíssimo compreender como a natação é afetada pelo vírus e os impactos que este vírus trás, tanto nas práticas das aulas quanto em caso de desrespeito as medidas de proteção.
ResponderExcluirO questionamento maior que fica através da leitura é: como repensar as práticas da Educação Física em situações de calamidade publica como esta?
Janaina Queiroz Sales
É evidente que temos que nos readaptar ao conhecido "atual normal", refletir sobre prevenção contra o risco de contaminação usando novos métodos de ensino dos professores de Educação Física para redução do contágio. Mas se ficarmos parados esperando a vacina, teremos muitos mais problemas e para o momento atual é buscar se reinventar como profissionais.
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